01 dezembro, 2008

Hotel Aire de Bardenas

O Hotel Aire de Bardenas, foi um dos vencedores dos prémios Ar Arquitecturas Emergentes, da autoria dos arquitectos Emiliano López & Mónica Rivera.
O programa base para este projecto poderia ter sido, à primeira vista, discutível e pouco pertinente, criar um hotel de elevadíssima qualidade com base num design exclusivo e distinto num local cujas características ambientais incluem temperaturas extremas, vento constante, e remoinhos de areia do deserto das Bardenas. Por outro lado, podem-se encontrar atracções naturais junto a esta zona de Navarra, tais como pântanos e zonas verdes irrigadas junto às margens do rio Ebro, um espectro de diversidade que abrange zonas férteis e áridas.
A resposta dos arquitectos foi impressionante, tendo em conta as dificuldades e os constrangimentos, nos quais se inclui o tempo e o orçamento, que foram tidos em conta como ponto de partida para um projecto cujo resultado tem de inesperado como de funcional. As caixas de madeira empilhadas que marcam o perímetro deste empreendimento hoteleiro servem de barreira ao vento, permitindo no entanto a circulação de ar. Esta solução revelou-se bastante inteligente, uma vez que o seu preço é reduzido (servem para embalar produtos frutícolas e hortícolas) são facilmente transportáveis e não necessitam de fundações.
Além do mais, permitiu manter o tempo de construção do projecto nos 14 meses estipulados e requeridos pelo empreendedor. Igualmente a aplicação desta solução estabelece um paralelo com a arquitectura vernacular relacionada com os edifícios agrícolas que existem nesta região.
Os constrangimentos naturais que existiam neste projecto podiam ter sido direccionados como um problema, ao invés resolveu-se aceitar as condicionantes e tirar vantagem da beleza natural que era oferecida, através da construção de janelas em madeira que se destacam dos interiores dos módulos que definem os quartos, estabelecendo assim verdadeiras molduras que captam as diversas vistas que se podem desfrutar neste local, sejam as planícies áridas e as montanhas em pano de fundo, ou simplesmente espaços íntimos entre os quartos e o perímetro das instalações.
As janelas exteriores permitem criar uma espécie de enquadramento para a paisagem, servem de ensombramento além de funcionar como uma espécie de cama extra, ou zona de sentar-estar junto à janela. Os quartos foram posicionados Norte/Este de modo a oferecer as melhores vistas e evitando a exposição solar directa.
A especificidade da concepção deste projecto está relacionada não só com as condições do local mas também os seus interiores. Os arquitectos desenharam zonas de banho padronizadas, assim como chuveiros e lavatórios, usando para isso chapa de aço, além da maioria do mobiliário dos quartos e das zonas públicas do hotel.
Este projecto é claramente um exemplo de como a Arquitectura pode ser um contributo para a Paisagem, podendo absorve-la e integrar-se, em vez de se impor perante a sua presença. Além de mais, este projecto destacasse pelo modo claro que as opções de desenho foram tomadas, como foi estruturado e elaborado, desde a aparência exterior aos pormenores interiores.
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