11 dezembro, 2007

«Personalizar a Habitação em série. Uma gramática discursiva para as casas da Malagueira de Siza»

''José Pinto Duarte vai apresentar o livro «Personalizar a Habitação em série. Uma gramática discursiva para as casas da Malagueira de Siza» a 13 de Dezembro.

Esta obra é uma tese do autor, agora editada pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, defendida nos Estados Unidos. O livro tem prefácio do orientador da tese, William Mitchell.

A tese é sobre construir habitação em série e personalizá-la. «O objectivo é prover habitação de elevada qualidade a custos controlados.

Tradicionalmente, quando um arquitecto é confrontado com o problema de conceber um grande empreendimento, a solução é projectar um número limitado de tipologias e depois repeti-las com base em estudos de mercado.

O processo proposto ambiciona ultrapassar as limitações desta abordagem através do recurso às novas tecnologias para evitar o uso exaustivo de repetição para controlar o custo. A ideia é dotar a habitação em série de qualidades associadas a habitações concebidas individualmente».

Este processo é exemplificado com o projecto de Álvaro Siza Vieira para o Bairro da Malagueira, em Évora que permitiria voltar ao ‘espírito’ do programa do Serviço de Ambulatório de Apoio Local, de apoio à habitação lançado durante o I Governo provisório de Portugal.

A participação dos utilizadores no projecto e construção das suas habitações permitiria, como refere Siza Vieira, «o retomar de um processo participativo interrompido, por preconceito e por comodismo, após a curta experiência dos anos 70».''


13 Dezembro - 19h
«Personalizar a Habitação em Série» de José Pinto Duarte
Auditório da sede da Ordem dos Arquitectos
Travessa do Carvalho, 21-25

fonte: Ordem dos arquitectos


Museu da Aldeia da Luz

Ao chegar ao largo da nova igreja matriz a primeira imagem que temos do Museu da Memória é a de uma parede de xisto, lisa, nos tons castanho esverdeado e avermelhado que a pedra assume na região — os vermelhos são particularmente especiais porque evocam o banco de xisto que se encontra junto da actual igreja a que o povo chama de “borras de vinho”. Esta parede impede-nos a vista que poderíamos ter sobre a albufeira, mas integra-se completamente na paisagem, como se o pavimento de xisto que ali cobre o solo se materializasse numa parede. Para entrar no Museu temos de contornar a parede e descer uma rampa que nos projecta na imensidão alentejana, mas que dentro de alguns anos será a de um lago a perder de vista. Também aqui o xisto é o material de eleição que ocupa a quase totalidade do edifício. A excepção é a Sala da Luz, a jóia da coroa do Museu. Este espaço, revestido a branco em todas as superfícies e furado por uma chaminé que o inunda de luminosidade, poderia ser, de acordo com Pedro Pacheco “um elogio às qualidades naturais do sítio”. A Sala da Luz é também um ponto de relação entre o interior e a paisagem ao abrir-se num pátio e ao lançar o nosso olhar para o Monte dos Pinheiros, que ficará depois de a barragem encher como a referência daquela que foi a aldeia da Luz.

In Publico 17.04.2002