12 novembro, 2008

Morphosis em Madrid

Num bairro nos subúrbios de Madrid, onde proliferam blocos habitacionais convencionais e anónimos, o atelier norte-americano Morphosis desenvolveu um conceito de permeabilidade de modo a ir ao encontro das premissas de ordem social por detrás deste projecto.
Em alternativa às anónimas e inexpressivas torres de blocos, este projecto explora um modelo social que integra a morfologia do local e as tipologias de villas. Retirando as qualidades inerentes das moradias isoladas, os projectistas idealizaram um complexo multi-familiar de baixo-custo acente numa grelha que regra a construção e que consegue gerar espaços de diferentes qualidades, tais como loggias, espaços verdes, e uma volumetria dimensionada à escala doméstica, algo que não é habitual encontrar neste tipo de projectos.
Este complexo habitacional, claramente influenciado pelos Construtivistas e o movimento De Stijl, utiliza uma série de elementos formais que quebram a natureza institucional e monótona de um programa deste tipo. Estes elementos podem ser chaminés, palas para ensombramento, estruturas para desenvolvimento de vegetação nas fachadas, estruturas de suporte para painéis solares, um vasto leque de opções que ajudam a integrar soluções para a sustentabilidade energética dos edifícios. As altas chaminés baseadas na tradição árabe permite a ventilação natural das áreas interiores habitacionais, o ar fresco entra na zona superior e empurra o ar quente para o exterior, enquanto através dos painéis solares produzem energia eléctrica e aquecem a água de consumo diário.
Os espaços exteriores dentro deste complexo habitacional são de três ordens: uma menor, consistindo em pátios privados dentro das residências habitacionais, uma escala intermédia que caracteriza os pátios públicos que surgem dentro da malha que estrutura o espaço residencial de baixa densidade, e os espaços mais amplos que definem os eixos de circulação que hierarquizam a malha envolvente, o passeo.
Apesar do aspecto monocromático que o reboco branco transmite, a vegetação irá desempenhar um papel fundamental neste projecto, pelo menos assim se espera, pois só o tempo, a natureza, e o civismo das pessoas o dirão. Pretendeu-se desenhar uma espécie de “tapete verde” que cobre as coberturas das moradias e que acaba por trepar a fachada dos edifícios mais altos, criando um idílico refúgio da envolvente urbana. O Paseo, pontuado com formosas arvores, traz uma maior intimidade ao espaço público, potencializando o uso da rua como o prolongamento da habitação e promovendo a socialização entre vizinhos, visto que o uso é exclusivamente pedonal.
O conceito por detrás deste projecto permite criar uma zona verde numa área densamente urbana e massiva. A idiossincrasia da tipologia gera um complexo habitacional orientado para princípios de sustentabilidade ambiental e contrapõem pela diferença qualitativa o modelo social habitacional prevalente.
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