Fruto dos sinais dos tempos, os grandes museus da capital espanhola foram sujeitos a algumas intervenções, umas de carácter mais profundo e radical outras pequenos melhoramentos de fachada, com o intuito de "actualizar" as Grandes Senhoras de Madrid. Estas operações de cosmética, com resultados para todos os gostos, podem ir desde o toque discreto e suave que Rafale Moneo preconizou na coroa da jóia desta cidade, o Prado, ou para quem seja fã do rigor suíço, encontramos uma proposta radical e cirúrgica (houve mesmo uma remoção "clínica" de parte do volume existente) do atelier suíço Herzog & Meuron, na Caixa Fórum. No entanto, o primeiro destes a ficar pronto a ser visitado foi o Museu Reina Sofia, o museu de Arte moderna espanhol, depositário da Guernica de Picasso. Com uma cobertura flamejante, de um vermelho cor de sangue, Jean Nouvel introduz uma nova silhueta ao skyline da cidade madrilena. O edifício projectado pelo arquitecto francês privilegia o anonimato cívico, e centra-se hermeticamente no conceito de interioridade, reintrepertando o arquétipo conceito dos velhos conventos com os seus claustros. Novos espaços de exposição, uma biblioteca, auditório e um restaurante são colocados em redor de uma praça interior coberta, que através do plano superior abraça todas estas funções. Aberturas acutilantes enfatizam a profundidade da cobertura e deixam a luz entrar quase com uma intensidade Piranesiana, criando um efeito tanto opressivo como dramático. Sem dúvida um espaço refúgio, quando a escassos metros temos uma das estações mais movimentadas da cidade, a Atocha. No entanto, algumas das fragilidades do projecto estão relacionadas com o facto dos volumes serem essencialmente caixas entaipadas, que sugam a vida da praça interior, tornando este um espaço frio e deserto por vezes. A introdução de peças de escultura veio dar um carácter pictórico à praça, assemelhando-se a uma paisagem surrealista, no entanto o carácter humano continua muito ausente. Pela positiva, destacar a biblioteca, semienterrada, desenvolvendo-se em diversos pisos, que se desenvolve ao longo do alçado da rua “Ronda de Atocha”. O uso da madeira em todo o mobiliário, e a iluminação suave contribuem para o carácter de introspecção que este espaço necessita, além do facto de a sala de leitura se localizar abaixo do nível da rua, permitindo assim abrir envidraçados para ambos os lados, tanto para a praça interior como para a rua principal, sem no entanto interferir com a concentração dos leitores e permitindo a entrada de luz natural, essencial nestes espaços.
1 comentário:
Basta-nos ver a primeira foto, para ver a marca de Jean Nouvel...
Parece-me aqui que consegiu dar novo fôlego ao museu (já era um museu fantástico!!!)...
Mas para ter a certeza, nada melhor que uma visita...
Enviar um comentário