24 setembro, 2009

Centro de Educação e Interpretação Ambiental da Paisagem Protegida do Corno de Bico

A "Colónia Agrícola da Boalhosa", constitui um dos raros conjuntos construídos de planeamento paisagístico no meio rural e habitação social desenvolvidos na década de 1950 pela Junta de Colonização Interna. Do projecto inicial da Colónia foram construídas as casas dos Colonos, o Forno Comunitário, a Escola e a Casa do Professor, tendo ficado a igreja por construir.O projecto CEIA tem como base uma estratégia de recuperação de todo o conjunto através de uma análise do projecto dos anos 50, da análise factual dos edifícios existentes, propondo uma ocupação e uma implantação de novos volumes através de analogias funcionais e de forma a interferir o mínimo possível na imagem global da colónia.Os volumes propostos foram implantados onde o plano inicial previa uma igreja. A monumentalidade e locais previstos foram substituídos pelo maciço de árvores, princípio fundador do projecto, tendo considerado o espaço sob as copas como o grande foyer e suspendendo o edifício sobre pilares que se misturam com os troncos e extravasam o próprio volume.A rampa propõe um percurso cinemático, alargando a extensão e domínio do edifício. A análise da estrutura e princípio compositivo dos edifícios existentes sustentou a estratégia da sua recuperação: a antiga escola foi recuperada como cantina, tendo apenas sido acrescentado o volume da cozinha; a casa do professor como pousada mantendo as funções dos espaços existentes e acrescentando um volume com as camaratas que redesenha a frente da praça. A utilização da madeira como revestimento exterior resolve a dialéctica entre o desejo de manutenção da imagem de modernidade da colónia e protagonismo necessário dos novos equipamentos.

Autor(es): Atelier da Bouça
Cliente: Câmara Municipal de Paredes de Coura, Paisagem Protegida do Corno de Bico, ICN
Ano de conclusão: 2007

21 setembro, 2009

Imagem e Promoção


O marketing e a imagem são um dos factores de diferenciação no mundo empresarial, no entanto em Portugal, no que à Arquitectura diz respeito, vemos que muito pouca importância é dada a estes factores. Os ateliers poucos tem um site, os conteúdos e o grafismo dos mesmos é negligenciado, a promoção do atelier, eventos e publicações não existem. Pois bem, o atelier Saraiva e Associados têm nos últimos anos aliados aliado a forte imagem conceptual e a qualidade construtiva dos seus projectos com um cuidado em destacar-se dos demais pela aposta num produto, a própria imagem institucional do atelier. Neste momento, lançaram um site promocional, que desvincula a ideia que a arquitectura portuguesa é monótona, monocromática e sem atitude. Poderá ser este um exemplo a seguir?

Tridom Puzzle - WUDA*

O projecto consiste para além da reabilitação de um edificio existente datado de cerca de 1904 ( e cuja traça foi adulterada em intervenções posteriores) na sua extensão em altura com dois novos pisos, criando três fogos. A ideia consistiu em que cada um destes fogos se desenvolvesse pelos dois novos pisos criando três "mini-casas" em cima do edifício pre-existente. Estas "mini-casas" envolvem-se e encaixam-se mutuamente, criando diversidade nas situações espaciais, permitindo a entrada de luz zenital e minimizando espaços sobrantes. Dois fogos aproveitam a mesma caixa de escadas (como Chambord). A sul, a nova fachada apresenta três momentos: uma superficie vidrada recuada, um espaço exterior e uma pele de sombreamento "soft" e corrível, têxtil, sugerindo um "prédio de cabelos ao vento"*. O projecto levanta questões de sustentabilidade urbana através da densificação do existente que proporciona, esperando-se um efeito em cadeia à escala do bairro de Schwabing.
*música Funny v. Damen
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Designação: Tridom Puzzle
Autor(es): WUDA* wurfbaum dantas architects
Ano de conclusão: 2008
Localização: Hoerwarthstr. 2, 80804 Munique, Alemanha








08 setembro, 2009

Rocha Tombal - House Bierings

Os tempos estão a mudar.... o cosmos assim o pré-determina, e nós começamos a sentir os ventos de mudança, na ordem mundial, no sistema económico, nos valores da sociedade, em toda a ordem e escala, e assim na arquitectura as mudanças começam timidamente a aparecer. O fim da era das "BOX" e dos envidraçados a sul, a ausência de barreiras, a inexistência de ambientes pessoais, o uso de materiais frios e incolores, tudo isso começa a fazer parte do passado, pois a necessidade de criar arquitectura para pessoas reais torna-se urgente. Depois de meses, o arkG volta com mais energia, não necessariamente mais tempo para se dedicar a este blog, mas empenhado em cumprir o compromisso de divulgar projectos que mostrem a mudança de paradigma, para a qual espero contribuir.






























Partindo de uma forma determinada pelo plano urbano vigente, esta moradia está apetrechada com “olhos” que emergem do seu interior constituindo eixos visuais para a paisagem natural envolvente. A forma e a orientação da moradia são definidas de modo a evitar contacto visual com as moradias vizinhas. Ao nível do piso térreo, a forma inclinada do tecto da cozinha acentua o intenso contacto visual com o jardim. No primeiro piso, através das diferentes aberturas na fachada e no tecto, permite-nos tirar partido de diferentes experiencias lúminicas, ao longo do dia.
O caminho que nos leva a percorrer o espaço desta habitação inicia-se no hall de entrada exterior, criado através de uma subtracção no volume do piso térreo. Depois desta primeira impressão da casa e passando debaixo da enorme porta pivotante existente, o visitante chega ao “coração” do espaço, a Cozinha. Aqui a relação com o exterior é imponente, através de um painel de vidro a toda a extensão da cozinha que nos sugere que voltámos a sair para o exterior do jardim. De seguida, uma escada que atravessa um plano de madeira e se estende para o meio da cozinha, convida-nos a continuar a percorrer os caminhos que esta casa nos oferece, conduzindo-nos ao primeiro piso. A direcção angulosa que define a escada, as suas proporções (estreita e alta) assemelhasse a uma rua medieval, pontuada com uma entrada de luz ao nível da cobertura. Ao fundo da escada descobrimos a sala de estar, um espaço calmo, embebido em branco e numa luz calma e clara de Norte, através de uma janela que expõe a paisagem rural envolvente, tal qual uma moldura faz com uma pintura naturalista.