Nos dias que correm a profissão do arquitecto perdeu o brilho artístico que a caracterizava.
E quando digo isto, é obvio que não me refiro a meia dúzia de ferlizados que tem a sorte de poderem fazer arte através da arquitectura (ex: Zaha Hadid), e pagos como se autênticos génios se tratassem. Pretendo retratar o lado menos mediático da profissão, ou antes o grande grosso da profissão que se vê entalada em projectos e clientes onde a mediocridade do pensamento e a ausência de sensibilidade por parte dos protagonistas exteriores, os conduz a soluções extéreis e a um trabalho quotidiano mecânico e enfadonho.
Eu não sei quanto a vocês, mas o que me fascinava na profissão era o seu lado mais belo, plástico, artístico, a oportunidade de servindo um bem comum, poder exercitar o meu pensamento criativo, e não propriamente trabalhar com uma escala de cinzas em desenhos técnicos insipientes. Pois bem, a ingenuidade dos meus 17 anos trouxe me aqui hoje, e por vezes vejo-me a rogar pragas, por pura inveja e frustação, a esses mesmos que, através dos seus clientes faraónicos tem a oportunidade de exprimir a Arte que deve ser a Profissão e não a Ciência Técnica em que se está a tornar....cada vez mais estamos parecidos com os engenheiros....cruel destino o nosso. Qualquer dia passamos a usar calculadora no bolso em vez de lápis. Mas a culpa é nossa, fruto da nossa pouca determinação e confiança nas nossas habilidades, eventualmente cansados de pregões populares que rotulam os arquitectos como loucos e egocêntricos, rendemo-nos e deixamo-nos levar pela maré, tornando esta profissão cinzenta e resumindo a nossa existência profissional a longos anos de dominio de programas CAD! Gostava de ter de volta a partilha entre a obra de arte e a arquitectura!Entre o artista e o Arquitecto! e como a necessidade interior é mais forte que o comodismo ou a preguiça dou por mim nos intervalos dos meus projectos standardizados (atenção que o uso desta palavra é para vos fazer pensar em toda a conotação engativa que lhe possa estar adjacente) a tentar subverter o método, à boa maneira dos ensinamentos do mestre Canau Espadinha (ou talvez não), e por vezes encontro algo que me faz sentir um pouco mais livre, onde as fronteiras da tectónica desaparecem para dar lugar ao infinito e as transparências do imaginário. O modo de o fazer não importa, usem o modo tradicional: a graffite, o modo dos agarrados: a borra dos vossos inumeros cafés diários que vos mantém concentrados em frente ao ecran, o modo dos elitistas: a prestigiada Bic, ou entao para aqueles que olham para o passado com algum desdém, o modo dos nerds: entreguem-se ao computador, às video instalações...mas no fim criem, construam algo de único e belo, façam a vossa Arte, não deixem morrer a alma de artista dentro do arquitecto que há em vós!
aqui vos deixo o resultado desses momentos em que deixo crescer a barba, não me penteio e digo coisas que ninguem me compreende.